sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Post #78 - Histórias para levar de 2017

Nunca é fácil escrevermos sobre nós, mas achei que 2017 valia o esforço. Meu último dia do ano no Brasil. Foi um ano atípico. 2017 foi o ano do zero a zero. 

Cada ano que passa me convenço mais que cada um de nós é um colecionador de histórias. Algumas histórias levamos de outras pessoas, quando nos tocam profundamente, mas são raras! São essencialmente as nossas próprias histórias que constroem a nossa verdadeira essência.  

2017 foi um ano de batalhas ao extremo. De ter que provar muita coisa, tanto para mim mesma, como para os outros. Tive que provar a mim mesma que uma vez mais era capaz de superar o desemprego (e que dejavu!). Como se isso não fosse difícil por si só, ainda tive que provar para os outros, que umas pedras no caminho não me iam fazer desistir ou voltar "com o rabinho entre as pernas" como se diz por terras lusas. Fácil? "Facinho" (como se diz por aqui) não foi, mas a gente segura. Mas o que fazer quando a família de lá insiste e nós sentimos que não é o tempo? Dói desde o coração até à alma! 
Isto de provar para nós já é difícil, mas provar para os outros traz um desgaste danado!
Posso dizer que estou exausta!

Em 2017 tive que iniciar o meu percurso profissional quase do zero. A porta se abriu e, nem sei bem porquê, achei que devia entrar por aí... Comecei por baixo com a cabeça erguida. Iniciei atividades num lugar onde, mais uma vez, eu não tinha histórico, era apenas uma estrangeira, mulher, em idade de procriar... a trabalhar em operações! Dureza em países latinos hein?
Foi trabalho de formiguinha. Evolução lenta e dura.

Em 2017 fiz um ano de graduação inteiro e trabalhei ao mesmo tempo. Viajei, a trabalho e a lazer (pouco), e regressei a um shopping o qual já tinha 100% enterrado no meu passado profissional. E que aventura...(essa fica para outros capítulos).

Em 2017 passei por histórias de vida incríveis. Superação de doença. Desgostos que eu mesma acharia insuperáveis. Pessoas que vieram do nada e viraram o tudo.

Pessoas. Não há histórias sem elas. Com o tempo, vamos classificando as pessoas por quem passamos como heróis ou vilões da nossa própria história. Os personagens são como no StarWars, umas vezes achamos que estão no lado bom da força, e às vezes olha... o "dark side"! Muitos desses "Vaders" já topamos à distância e de uma maneira ou de outra vamos tentando nos proteger. Duro é ter que ver o dark side de alguém que temos 100% certeza que achamos do bem. Também teve disso esse ano. Mais do mesmo, porque somos feitos de carne e osso e sempre criamos expectativas. Sabe aquela dor do coração até à alma? Pois é...

2017 foi um ano de investimento pesado. Implementação de rotina. Trabalho, estudo, trabalho, esforço, estudo, contenção, contenção, contenção. Foco. Observação. E muita, mas muita reflexão. Tentativa de olhar para o futuro e com todas as forças esperar que seja mais brando, para não dizer melhor!

Teve coisas boas em 2017. Em 2017 nasceram seres humanos  que me trouxeram (acho agora) as maiores alegrias do ano. Quem não se emociona ao ver uma pessoa de quem gostamos muito, passar, pelo que dizem ser a maior felicidade da vida de um Homem? Orgulho e admiração dos meus amigos que, pela primeira vez mamãs e papás, podem dizer que 2017 foi um ano em grande nas vidas deles. E como ser humano que sou, tenho que admitir que dá muita vontade, de uma forma ou de outra, de tocar essa felicidade.

Em 2017 casei dois grandes amigos. Em 2017 enterramos um dos homens mais interessantes que Portugal já teve (Belmiro). E devíamos ter enterrado uns quantos no Brasil, mas parece que não...

De 2017 levo dois lugares que vão de certeza ficar na memória. Totalmente opostos, por sinal. Aimorés e PaloAlto. A fazenda do interiorzão, que recupera água de nascentes e luta contra desmatamento, e o lugar mais desenvolvido do planeta. Quanta informação para processar! Mais reflexão!

Agora que está a chegar ao fim, vejo 2017 como um ano de reflexão. De alguns episódios mais trágicos, já consigo rir. De outros (que ainda não o entendo muito bem), nem tanto. Mas como diz a minha mãe, o tempo é um grande remédio (notem que a pessoa é médica!). Levo de 2017 a certeza de que, pelo menos, me trouxe (mais) histórias.

Os dedos estão cruzados para 2018!

Desejando a todos os que perderam uns minutos a saber do meu 2017, um 2018 cheio de energias positivas e muitas histórias para colecionar, porque somos todos feitos delas.
#feliz2018 


 Aimorés

 João Pessoa! Praia de nudismo e os dias de praia mais chuvosos de sempre!

 Westfield! Shopping! Observação!


 Stanford Classmates - seres humanos top!

 Sampa Classmates (dias de esforço!) - seres humanos muito top!

"Picturing" Golden Gate - Olhando para o futuro.
Enquadramento é tudo nesta vida!

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Post #77 - A morte de um smartphone

Quando é que podemos passar a declaração de óbito do nosso telefone pessoal?
Esta é uma questão que me tem vindo a atormentar. Já há algum tempo que o meu telefone tem dado sinais de que a sua saúde não está boa. De vez em quando trava e dá sinais de que o "coração" não está muito bom. Nessas alturas levo-o lá à Av. Paulista ao "hospital" dos eletrónicos, troco a bateria e faço o checkup e normalmente ele aguenta-se mais uns tempos. Mas ultimamente as coisas não correram muito bem e depois do último acidente de queda ele está às portas da morte. Então resolvi refletir sobre os alguns anos que passamos juntos!

Foi um bom telefone. "Nasceu" em Maio de 2013, depois de um "rapto" do equipamento anterior (Welcome to Brazil!). Nasceu de barriga de aluguer, e foi encomendado via Estados Unidos (mais ou menos como o filho do Cristiano Ronaldo!), de onde veio à boleia na mala de uma amiga. Logo que chegou a terras brasileiras começou a trabalhar a todo o vapor. Acompanhou-me por toda a parte. Com ele senti-me mais perto de casa todos os dias, fosse via FaceTime, e-mail e todas as redes sociais possíveis.
Com ele fiz mais quilómetros do que (pelas minhas contas) em todo resto da vida. Atravessei da América do Sul à Asia, fiz várias ligações transatlânticas. Ele apanhou chuva, esteve na praia, e ainda fez emissões de todos os países por onde a minha família andou.
Com ele registei todas as coisas boas pelas quais passei. Os casamentos, os nascimentos, até as que não consegui registar ele deixou-me ver. Seja pela janela do Facebook ou Instagram, os quais consumiram grande parte dos meus dados e uma parcela dos meus salários também!), seja pelo Whatsapp, onde giraram centenas de milhares de bytes. Dei os parabéns aos meus amigos mais longínquos, e não só a esses mas também aos que moravam comigo. Salvou-me de boas, principalmente quando me esqueci das chaves de casa! Dei e recebi boas e más notícias. Chorei frente a ele. Troquei mensagens queridas, enviei mensagens das quais me arrependi e aguardei por mensagens que nunca chegaram. Também pus muitos pontos no i's.

Este pequeno aparelho também registou a maioria dos meus passos. Deixou-me feliz quando bati records de passos diários ou km de bike! Pude tirar muitas notas, fiz listas de supermercados, li milhares de páginas de livros. Deu-me alguns sustos, principalmente quando no último ano me mostrava a conta bancária! Perdeu-se num táxi quando voltava de um casamento e foi cair a um quarto de hotel de uns desconhecidos. Felizmente eram boas pessoas e devolveram-mo assim que se aperceberam.

Este útimo fim de semana ele caíu e começou a dar as últimas ao som de Marisa Monte. Acho que foi um bom fim, embora eu tivesse esperança que ele pudesse viver mais um pouco. Mas uma morte digna pelo menos.
Felizmente hoje existe uma nuvem, então todas as nossas lembranças ficam guardadas. Não é como antigamente em que andavamos de amigo em amigo, a recolher os contactos perdido (quem nunca!?). O próximo vai de certeza absorver todo o conhecimento que este trouxe e vai trazer ainda mais algum. Essa é a vantagem da tecnologia não é? Nunca sofrerá de Alzheimer.

Muitos podem achar estas palavras capitalistas e de loucura nesta época de geração Y! Parece que ganhamos apreço a bens materiais e tecnologia. Mas não acho nada disso. Vejo este aparelho como uma ponte, uma ferramenta que me ajudou a estar mais próximo das pessoas, acompanhar tendências, e, no fundo, acho que isso nos deixa mais felizes. É nesta altura que entram os antigos e aversos à tecnologia para dizer que no passado é que era bom... mas isso é só para quem não provou o futuro e as suas vantagens certo?

Próximas linhas serão concerteza escritas com base em notas de um outro aparelho. Não sei quando vão acabar os smartphones, mas que dão um jeitaço, lá isso dão!

*Mari
P.S. escrito em Português de Portugal (estou a tentar não me esquecer e conseguir sempre destinguir as duas versões do idioma).


domingo, 1 de outubro de 2017

Post #76 - independências à parte

Nós os Portugueses nunca fomos muito com a cara dos Espanhóis. Eu nem sei porquê, porque a era da dinastia Filipina já foi há tanto tempo, que já nem nos devíamos lembrar. Mas o que é certo é que o provérbio prosperou e continua na boca de muitos portugueses até hoje: "de Espanha, nem bom vento, nem bom casamento!". Mas acho que é um defeito não só ibérico, porque brasileiros e argentinos sofrem do mesmo mal, e lá no fundo até se amam. 

O fato é que somos cada vez mais uma mistura de Portunhol. Portugueses e Espanhóis entraram de mãos dadas para a "CEE", abriram-se as fronteiras, misturaram-se as universidades, abriram empresas ibéricas (cuja identidade nem é de um lado nem do outro), não são raros os casos dos casais ibéricos! Os roteiros turísticos misturaram-se de tal modo que às vezes me perguntam se Santiago de Compostela é Portugal (!). A Ryanair nem se fala... a maioria das vezes que atravesso o Atlântico "entro em Portugal" por Madrid (que diga-se de passagem é bem mais barato!). E mesmo a Espanha sendo uma monarquia, mesmo que democrática, é bem diferente de Portugal (graças a Deus!). No final das contas quando precisamos de ajuda somos todos iguais. Fomos cúmplices também durante a crise que abalou os dois países, principalmente na minha faixa etária. Anyway, para o bem ou para o mal, temos um laço inegável.

O que se tem vivido na Catalunha, embora seja uma realidade muito diferente de Portugal, é fisicamente muito próxima dos "tugas". E mesmo eu, estando do outro lado do Atlântico, não posso deixar de me sensibilizar com o que se passa por terras vizinhas.

Desde criança que ouço essa conversa de que a Catalunha é um estado à parte de Espanha. Que lá é o "Mónaco espanhol" e tal... Quando fui a primeira vez a Barcelona, foi de acompanhante da minha mãe que foi a trabalho, e eu ainda era criança a entrar para a adolescência. Lembro-me que já nessa altura, ir a Barcelona era um acontecimento. Parecia que íamos para outro planeta de tanta fama de cosmopolita que tinha a cidade. Embora, nessa altura, eu tivesse mais curiosidade em visitar o estádio olímpico ou até mesmo o museu do Picasso (do qual me lembro bem de ter saído beeem escandalizada com tanto quadro sexual que o homem pintou numa certa época da vida dele!), o fato é que não encontrei uma Espanha diferente do resto do país por onde já tinha passado. Não senti qualquer diferença no modo em que me trataram. Um língua mais complexa talvez. De resto, tudo a mesma coisinha dos galegos, dos bascos, dos madrilenos e por aí fora. Não entendo, ainda hoje, muito bem o porquê dessa rebeldia da região, mas acho que é coisa de Espanhol do Norte, que comparado às outras comunidades, tende a ser mesmo meio rebelde. Fico a pensar o que aconteceria se São Paulo, só porque gera quase 40% dos impostos no Brasil, resolvesse tornar-se independente? O que seria do resto e vasto território brasileiro? Teríamos eleições estaduais por aqui? Mas pode também dever-se ao fato de eu só conhecer a Catalunha como turista e talvez por não estar tão dentro dos meandros da política nacional e das comunidades autónomas como chamam aos estados por lá.

Bom tudo isto para chegar à conclusão que não sei como as comunidades conseguem chegar a este ponto? Em pleno século XXI e numa União Europeia famosa pelo seu progresso em todas as áreas?! Como chegamos ao ponto de mandar a polícia evitar que as pessoas votem? Com imagens de violência como as que apareceram hoje no jornal, com idosos metidos ao barulho? Esta é uma situação preocupante... E acho que é um sinal de alerta para informar que os Espanhóis deixaram de se falar. E pior... seguindo uma tendência meio que global! Nunca houve tanta facilidade de comunicação como hoje em dia, mas parece que a comunicação política está em crise. Os governos (nacionais, estaduais, municipais...) não se falam! Ainda está para vir o dia em que a reunião entre Trump e Kim seja via Twitter: com restrição de carácteres.
Espanha, vamos deixar de brincar de D. Pedro e o seu grito do Ipiranga e começar a dialogar?

Vou deixar aqui abaixo as primeiras perguntas que me surgiram quando vi que o "sim" no tal do plebiscito venceu:

-Será que a Catalunha quer ter um Brexit 2? 
-A praça de Espanha (Barcelona), vai continuar com esse nome? 
-Será que para parar em Girona vamos ter que andar de passaporte em punho? -E no final das contas, expliquem-me lá como é que o Barça vai viver sem enfrentar o Real Madrid?

Brincadeiras à parte é assim que as coisas estão em Espanha de nuestros hermanos...




terça-feira, 22 de agosto de 2017

Post #75 - Summer in California





O que fazer quando os últimos dois anos de vida foram uma grande confusão? Quando não temos respostas sobre os caminhos sinuosos que a vida nos faz atravessar, sobre atravessarmos o Atlântico e nem sabermos bem o porquê.. conquistarmos tantas coisas e nos desiludirmos tanto com tantas outras? 

Fazer uma passagem pelo silicon valley (assim bem de repente) não parece uma ajuda muito significativa, mas no final garanto que pode ajudar a dar um empurrãozinho para tentar entender este sentido da vida que é uma dúvidas de tantos. Uma injeção de ânimo de inovação e conhecimento. Foi o que senti ao passar por Palo Alto e Universidade de Stanford. As ideias rolam e não há limites. Podemos dizer as coisas mais idiotas pois sempre há alguém que escuta o que dizemos de uma perspectiva diferente. Se o mundo replicasse este modelo talvez fossemos mais felizes. 

Conhecer pessoas e tentar absorver as histórias delas, bem como partilhar a nossa é um desafio que nunca pensei ter em stanford. Mas foi o maior. Durante estes dias na Califórnia descobrir que somos feitos da mesma matéria das pessoas que estão por estas bandas (teoricamente as mais inovadoras do mundo!) e isso é realmente muito enriquecedor. Aqui circulam pessoas de todo o mundo que se agarraram aos seus sonhos e vontade de fazer do mundo um cantinho um pouco melhor. Pessoas que acreditam na ciência e na inovação para tentar que a nossa vida seja mais prática e, no final das contas mais feliz.  
 Tive a oportunidade de visitar uma incubadora de novos negócios, onde a Google nasceu (por exemplo), a construção gigante que a Apple vem fazendo com o dinheiro dos nossos iphones (chamam-lhe por aqui de mother ship) e também aprender sobre o futuro das organizações, inteligência artificial e maneiras inteligentes de liderança. 
Além disso, tive a oportunidade de conhecer pessoas com backgrounds muito diferentes. Várias nacionalidades que sonharam e cresceram e com histórias maravilhosas. Teve a Costa riquenha que nos levou de UBER (deixou a vida de agente imobiliária por causa do stress) e fugiu a vida bem difícil que tinha para tentar a vida nos EUA; teve o professor com a doença degenerativa que usa o tempo para "curar" empresas no que ele chama de "hospital das empresas"; vários professores e investigadores estrangeiros que sonharam o "american dream" e vieram com a cara e a coragem para tentar melhorar as vidas humanas com o suor das suas investigações; teve o empresário brasileiro que começou a trabalhar aos 10anos e que deu uma lição de vida à Doutora professora de Stanford porque construiu uma empresa de estufas que hoje faz bastante sucesso no Brasil. E ao explicar um dos desafios profissionais à professora americana (que contou com um tradutor) explicou que uma vez fechou uma sociedade "cara-cu" -ou seja o sócio entrava com a "cara" (leia-se investimento) e ele entrava com o "cu" (leia-se o que se quiser!) imaginem a dificuldade do tradutor para explicar esta expressão tão brasileira! Foi um momento que acho difícil esquecer; teve o Dentista de Salvador que veio à procura de ideias para o negócio e que calhou de contar que queria muito ter filhos e como a mulher não podia e o governo brasileiro não deixava contratou uma barriga de aluguel e tem agora duas filhas gêmeas lindas de 3 anos!(e que história!); teve até a história de uma portuguesa que atravessou o Atlântico para trabalhar no Brasil deixando a família e amigos para trás...(e bateram me palmas e tudo pela coragem... e nem consigo me sentir tão corajosa assim?!). 

Entender em que sentido o mundo está a girar e tentar nos adaptarmos a todas as mudanças rapidamente é difícil. Faz-me chorar muitas vezes. Já me fez "quebrar a cara" bastantes também, quando achei que o rumo era um, mas fui no caminho errado. Mas também me trás uma felicidade imensa quando passo por experiências como esta. 
Foram momentos inesquecíveis e que levo no
coração. Espero que a ciência evolua rápido para que eu possa mesmo gravar estas informações, pois são "data" que não quero esquecer. O blog também ajuda... quem sabe para os netos lerem! Aconselho todos a verem o preço das viagens para a Califórnia. Mas para os que não estiverem tanto na vibe, deixo algumas fotos ilustrativas. 
De São Francisco fica apenas um cheirinho do último dia antes da partida. 
Prometo mais news em breve. 






sábado, 1 de julho de 2017

Post #74 - O português da Lava-Jato



Muito se fala por aí dessas mega operações de escândalos que o Brasil tem vivido nos últimos anos. As notícias são muitas, mas confesso que tive que fazer um esforço para acompanhar as mídias brasileiras nos últimos anos. Nem sempre é fácil decifrar a língua portuguesa e inventam-se expressões e palavras a cada ato novo que vai aparecendo.


Neste grande rolo onde parece que ninguém se safa, pelo menos temos alguma coisa a aprender. Eu mesmo, aprendi palavras e expressões que confesso que poucas ou nenhumas vezes tinham passado pelos meus olhos/ouvidos. Assim, preparei um pequeno guia para manter me manter atualizada, just in case de alguém ter dúvidas.

Aqui vão alguns conceitos que podem ser úteis:

Cartel é um acordo explícito ou implícito entre empresas concorrentes para, principalmente, fixação de preços ou cotas de produção, divisão de clientes e de mercados de atuação ou, por meio da ação coordenada entre os participantes, eliminar a concorrência e aumentar os preços dos produtos, obtendo maiores lucros, em prejuízo do bem-estar do consumidor.(1) Apareceu por causa de licitações ilícitas na empresa Petrobrás, especialmente por construtoras.

Condução coercitiva é uma forma impositiva de levar sujeitos do processo, ofendidos, testemunhas, acusados ou peritos, independentemente de suas vontades, à presença de autoridades policiais ou judiciárias. Trata-se de medida prevista no Código de Processo Penal Brasileiro (CPP) como forma de obrigar o ofendido, a testemunha, o perito, ou qualquer outra pessoa que deva comparecer ao ato para o qual foi intimada, e assim não o faz, injustificadamente.(2) Basicamente aquilo que fizeram com o Lula em março-16 e que deu origem à corrente de memes do "japonês da Polícia Federal".


Abaixo os dois conceitos que mais contribuíram para a novela da vida política brasileira. A fofocagem que ora envolve um, ora envolve outro e todos vão falando em troca de reduzirem penas... 

  • Delação premiada. Bem esta deve ser a mais usada dos últimos tempos. Expressão coloquial para colaboração premiada. Na legislação brasileira, é um benefício legal concedido a um réu em uma ação penal que aceite colaborar na investigação criminal ou entregar seus companheiros.
  • Acordos de leniência. Ajuste entre um ente estatal e um infrator confesso pelo qual o primeiro recebe a colaboração do segundo em troca da suavização da punição ou mesmo sua extinção.
Confesso que andei meio perdida nestes dois últimos conceitos nos últimos tempos...

Ambos os casos consistem em acordos firmados entre infratores e os respectivos órgãos responsáveis pelos processos de investigações criminais, existindo sempre por parte dos infratores um comprometimento em colaborar com as investigações do ato criminoso do qual participaram. A diferença básica entre os institutos é que o primeiro - delação premiada - é homologado pelo Poder Judiciário e tem participação do Ministério Público, enquanto o segundo - acordo de leniência - é celebrado por órgãos administrativos do poder executivo, ou seja não existe a participação de juiz. (3)

 
Seguindo...
 
Doleiro é um indivíduo que compra e vende dólares em mercado paralelo (confesso que para mim esta é uma palavra que eu acolhi no meu vocabulários há pouco tempo...)
 
Propina, propineiro, propinoduto, propinocracia
Propina já foi gorjeta no passado. Agora representa a prática de oferecer e/ou entregar dinheiro ou qualquer outro tipo ilegal de gratificação (por isso o uso da palavra propina como gíria para suborno) para funcionário público, a fim de que ele faça algo que não deveria fazer, ou deixe de cumprir alguma de suas funções.(2)
Propineiro é aquele que pratica propina, enquanto que propinoduto
Propinoduto é mais um nome de um escândalo que ocorreu no Rio de Janeiro em 2002
Propinocracia é o nome dado ao sistema onde a gestão do governo é movido através de propinas.

Relator é aquele que é encarregado de relatar os incidentes de um processo, de um projeto de lei, de uma investigação etc.  (trocando por miúdos, um narrador).

Para os mais interessados em dissecar a operação LavaJato, fica um guia que o jornal a Folha de São Paulo elaborou, e que acho bastante esclarecedor:


Espero não ter que editar este post com novos conceitos... mas acho que virão de qualquer maneira!

Prometo mais news em breve... esperando pelos próximos episódios da novela política Brasileira!

domingo, 4 de junho de 2017

Post #73 - Meios de comunicação supersónicos

Hoje no pedido de café do Starbucks o rapaz brasileiro que me atendeu perguntou-me assim:
-"Você é do Porto não é?"
E há muito tempo que eu não era questionada sobre esta característica. Pensava até que o meu sotaque carregado do Norte já tinha passado! Fiquei assim uns segundos parada a pensar como é que ele, em 3 ou 4 palavras, se tinha apercebido? E respondi: "sou sim! Como descobriu?!"
Ele respondeu-me: "tenho alguns amigos de lá e o seu sotaque não engana!"
Enchi-me de orgulho, claro, e o café até me soube melhor. 

O rapaz podia ter-me servido o café sem dizer nada, e apenas ficar com essa dúvida existencial para o resto da vida. Mas não. Ele estabeleceu um contato comigo (que estava mais distraída a olhar para o Instagram, e nem ia olhar para a cara dele não fosse a indagação. 
 
Se há uma coisa que eu aprendi sobre os brasileiros é que eles têm uma capacidade inata de se relacionar. Eu acho que existe um gene específico desta nacionalidade.  É incrível como, de uma onomatopeia ou suspiro, aparece uma conversa, uma troca de opiniões e às vezes até uma amizade de longo prazo. E embora os paulistas se gabem e digam que isso é coisa de São Paulo, das poucas vezes que saí daqui, sempre tive essas surpresas... então tem que ser uma coisa de brasileiro.

Uma outra coisa bem interessante é que existe uma relação regional forte. Os sotaques são vincados e por isso quando dois sotaques inicialmente desconhecidos se encontram parece que automaticamente tem que trocar ideias sobre como sentem saudades da sua cidade natal. É um pouco como quando os portugueses se encontram no estrangeiro. Já me aconteceu por aqui algumas vezes. Ouvimos um sotaque do norte e cria-se logo um campo energético automático. Mas o interessante aqui é que isso acontece por todo o lado, dada a grandeza deste país. 
 
Hoje no café (um casal de idosos e uma mãe com uma criança):
Mãe: "filha não pode corrrrer assim!" (fala a mãe carioca cerrado)
Casal do lado: "mas que lindo seu vestido menina. Mãe, você é carioca?"
Mãe: "sou... tricolor de coração. "
Idosa: "esse daqui é "doente""
Mãe: "meu marido também!"
Idoso: "já estamos aqui há uns anos mas ficam as saudades do Rio, pelo menos no calçadão eles (crianças) podem correr à vontade!"
Mãe: "nos também estamos há 9 anos. Habituámos rápido, mas ficam as saudades da praia."
(... + 10 minutos de papo jogado fora)
Idoso: "deixa seu telefone, já que moramos no mesmo prédio."
...
E quem sabe não se formou uma amizade. 
 
E é nestas pequenas coisas que os brasileiros são realmente muito bons. Existe uma rapidez supersónica que nós portugueses até temos (quando reconhecemos um sotaque), mas não expressamos. detectamos que a pessoa é alfacinha com a maior das facilidades, mas não lhe perguntamos se ela/ele são de Lisboa! Seja porque somos desconfiados ou distraídos, ou porque sempre achamos que estamos a meter-nos na vida dos outros. 

Toda a gente me pergunta o que ainda faço aqui no Brasil, com todas estas reviravoltas que se passam por estas bandas. "Portugal está na moda!", dizem todos os que me conhecem. Claro que só olham para as coisas boas: País mais seguro do mundo, melhores comidas, melhores bebidas, etc. e tal. E realmente tem muita coisa boa para dizer de Portugal. 
 
Mas depois de alguma reflexão de domingo de manhã, acho que essa é uma das razões pelas quais ainda gosto daqui: comunicação. 
 

sábado, 29 de abril de 2017

Post #72 - Que fase é esta Sr. Mundo?

Todos temos as nossas fases. Umas boas, umas menos boas. Mas existem umas fases que nem nós sabemos em que fase é que estamos. No caso do Brasil (e do mundo em geral) acho que é o sentimento que paira no ar. 

Ontem foi dia de greve geral no Brasil. Aqui ninguém sabe muito bem o que se está a passar. Vive-se um cenário de pós crise 2016 e pré crise 2017/18. Uma espécie de recuperação decrescente. Os especialistas diziam que a partir do segundo semestre de 2017, aquele sustinho que os brasileiros apanharam entre 2014 e 2016, ia passar. O país ia voltar aos seus anos de glória. Para quem vê de fora, já meio que se previa que esse milagre de crescimento estava mais para milagre mesmo. Mas... esperança e fé é o que não falta por aqui! 
Mas mesmo com as mexidas nas taxas de juros e tentativa de distribuição de dinheiros através dos fundos de garantia (reservas de contribuições dos trabalhadores "aprisionadas" nos bancos), a coisa parece que está difícil. 

A verdade, é que, numa hora em que parecia que a coisa ia arrancar, chegou um episódio inesperado (ou não) da novela - o chamado Capítulo 3 - A lista de Fachin. Depois dos dois capítulos anteriores (Cap. 1 - Mensalão e Cap. 2 Lava-Jato) este novo episódio prevê-se "destruidor". A trilogia está lançada. 

A palavra "delator" virou moda. Para os menos ligados ao português de cá, os delatores são os "bufos"  envolvidos nos esquemas de corrupção que resolveram contar todos os esquemas e podres entre empresas e órgãos públicos, colaborando com a justiça em troca de reduções de penas.

Juízes, procuradores, ministros, governadores, mulheres de ministros, são as principais vilões deste grande episódio de novela que se passa no ano 2017 em terras brasileiras. Os bufos são os "pobres" dos diretores das empresas que pagavam altas somas de dinheiro para puderem fazer as obras públicas, para enfiarem algum (muito) no bolso. A coisa é tão grave que até alterações de legislação tributária chegaram a ser negociadas. Enfim. Uma novela sem bonzinhos.

O episódio resume-se nesta série de vídeos em que estes "santos" delatores contam as histórias das empresas (essencialmente da última década). Dane-se o segredo de justiça! Está tudo no YouTube. O Brasil quer saber e deixar tudo em pratos limpos! Por isso os vídeos das perguntas dos procuradores circulam por todo o lado. Mesmo sem se apurar o que é verdade ou mentira nestes "tutoriais", até memes de redes sociais viraram. 
E é assim que se gera  mais incerteza. Alimenta-se a vontade da greve. Seria um bom motivo, fazer uma limpa geral e quem sabe um impeachment 3, já que aparentemente não há ninguém em órgãos públicos "sem rabo preso". Mas não. A greve veio por causa de uma reforma da CLT (trocando por miúdos, lei trabalhista).  Algumas coisas boas, e algumas coisas más. Mas que a reforma é precisa, ela é. Cria-se uma crise em que ninguém sabe muito bem as razões. Aproveita o fim de semana prolongado para fazer greve e falar mais um bocadinho mal do país... (sempre me pergunto: porque será que as greves são às sextas?!).

Dos states já nem se fala... tamanha a confusão que vai por lá. Todos os dias um novo Tweet com novas mensagens entre o Trump e o seu "best friend coreano. A diferença entre ricos e pobres aumenta e sabe-se lá o que será destes "testes" militares que estão a acontecer aí pelo mundo.

Lá do outro lado do Atlântico as coisas também não andam lá muito famosas. A França então... está a atravessar uma era em que só apetece usar aquele hashtag: #quefase! Até já compararam as eleições presidenciais a um BigBrother, devido ao número de candidatos e histórias que os envolvem (cada um diferente do outro). Deste lado do mundo só resta rezar, para que o bom senso e liberalismo tão característico dos franceses volte ao que era, e de uma vez por todas trave esta era que lá se chama de "la trumpisation". 

A dívida continua no ar... mas afinal mundo: QUE FASE É ESTA?

segunda-feira, 6 de março de 2017

Post #71 - Picolé de coco na estação de trem


Escrevo hoje sobre uma viagem que fiz para conhecer mais um estado deste grande "continente" brasileiro. O nome do post só é este porque escrevi durante a espera do comboio com 42 graus à sombra a comer um picolé.


Desta vez foi Espírito Santo e mais um bocadinho de Minas Gerais. Resolvi visitar o Instituto Terra, que é uma fazenda da família do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. Um projeto de quase 700 hectares que foram reflorestados com espécies nativas, depois de ser criado o Instituto como uma organização sem fins lucrativos.  
A primeira paragem é em Vitória (capital do Espírito Santo) onde cheguei de São Paulo. É uma cidade muito parecida com o Rio de Janeiro (claro menos maravilhosa), mas pelo menos as pessoas parecem mais simpáticas e não cheira mal por todo lado no centro da cidade. Como é uma cidade costeira tem aquela brisa marinha que nós portugueses tanto apreciamos. Além disso tem um ponto de onde se vê quase toda a cidade, um morro que vai ter à capela de Nossa Senhora da Penha. Abaixo vou deixar algumas fotos só para registo. Como só fiquei um dia, não consegui fazer muita coisa, mas ainda deu para "matar as saudades" de shopping e entrei num tal de shopping Vitória que era bem jeitosinho. 




Mas o dia seguinte começava cedo por isso não tinha muitas chances .
Fiquei no hostel Guarani, uma casa senhorial antiga que foi reformada. Fiquei numa camarata por isso conheci logo algumas pessoas. O mais falador era um chinês e que logo fiz amizade porque ele falava pelos cotovelos. Claro que reclamou um monte das coisas que o stressavam no Brasil, e ainda me mostrou algumas coisas novas que são tendência na China. Depois contou que já conhecia quase todos os países do mundo e estava a caminho do Chile e ilha da Páscoa. Não sei bem se acreditei na história dele, ou se fiquei com alguma inveja branca porque ele era bem novo e disse que tinha deixado de trabalhar para correr o mundo. Talvez fosse algum magnata chinês e eu nem reconheci. 



No dia seguinte às 7:00 o comboio partia da estação de vitória para Aimorés onde fica o instituto. Fiquei bastante impressionada com as condições do "trem". Wi-Fi e ar condicionado, e até um vagão restaurante tinha. Como já testei carruagens bem piores, acho que fiquei de queixo caído quando entrei. Este trem é uma linha que transporta minério do interior do Brasil para Vitoria que tem um grande porto e manda para todas as partes do mundo. A quantidade de comboios cheios de minério é incrível.


A toda a hora passam carruagens com mais de 100 vagões cheinhas das reservas extraídas no interior (níquel, carvão, fertelizantes etc.)... Imagino que devam estar por todas as construções do mundo e nós nem nos damos conta. O Brasil é realmente rico no que respeita a recursos naturais.
A viagem é sensacional e supera qualquer expectativa. Nas 3 horas até Aimorés pode apreciar-se a paisagem que é muito verde (mata atlântica que se estende por estes terrenos).

A estação de Aimorés é bem pequenina mas toda cheia de sinais de segurança que a Vale faz questão de ter. Informativos de reciclagem e notícias da empresa podem ver-se em todas as paredes. A linha é gerida pela Vale que é uma empresa brasileira que se dedica à extração e transporte do minérios. Há uns tempos houve um desastre ambiental grande, na região de Mariana, o que acho que acabou obrigando as empresas a tratarem um pouco melhor da linha e região.

A chegada ao Instituto também é boa, recepção ótima e condições de hospedagem muito boas, comparado com o que se pode ver na cidade. Lá podem fazer-se visitas à fazenda e saber sobre os projetos de recuperação de nascentes e educacionais que eles têm. Realmente vale a pena entrar. Fiz a visita ao Instituto com a Carol (uma bióloga paulista que trabalha para o instituto) e comigo foram mais 3 senhores. Eram políticos e vinham saber dos projetos que o Instituto pode oferecer.

Tive a sorte de, no segundo dia, conhecer a diretora executiva do instituto, e trocamos bastantes ideias. Tenho a impressão que este lugar tem bastante potencial e que num futuro possa ser um lugar muito visitado. Para já ainda está um pouco apagado. Também conheci um casal que ficou hospedado no mesmo bungalow e que veio atrás de parcerias.

O último dia foi muito quente. Os termômetros bateram os 42 graus.

Agora, de volta a Sampa.
 

Algumas fotos do local para criar água na boca.






 A Estação de Aimorés


 A vista do Boungalow

Eu e os vereadores de Colatina que vieram atrás de dinheiro para projetos ehehe (estes políticos não têm emenda mesmo!)


   O Rio Doce, que está a passar por uma seca extrema. É uma pena ver assim este terreno.
 A cara de sono na volta! O dia atingiu os 42ºC

Prometo mais news em breve. 

*Mariana 

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Post #70 - a terra do la la (para quem já viu)

Chegou a altura do ano em que se prestam as homenagens aos filmes que por aí andam. As estatuetas de ouro estão em produção. Depois de tanta agitação por solo americano, de um Trump anti-estrelas que brilhem mais do que ele, depois de, no ano passado, haver um monte de protestos por causa do "racismo" das atribuições de prémios, chegou mais um ano para nos surpreendermos com o que passa na grande tela. 

Confesso que nos últimos tempos não tenho acompanhado tanto quanto gostaria o cinema, mas acho que isso deriva do fato de eu ter trabalhado num shopping... contradições à parte, embora eu pisasse o cinema todos os dias, os filmes eram dobrados e infelizmente eu ainda sou uma puritana nesse sentido. Gosto de ouvir o real som da voz. Para ajudar talvez os filmes dos últimos tempos não tenham sido os que eu selecionaria para preferidos, escapando um ou outro que talvez um dia me dê ao trabalho de trinchar. Mas, filmes passados à parte, este ano veio cheio de força para mostrar que ainda há espaço para o romance. E não se fala noutra coisa se não nesse tal de "La la Land". 
Como fui ver já há uns dias, e já tive tempo de digerir tanto o filme quanto as críticas, resolvi deixar aqui registada a minha "pequena" crítica. 

Foi sem muitas expectativas que fui ver o filme. Ainda não estava no pico da badalação quando fui, porque o Trump roubava todas as luzes da ribalta, e por isso fui tranquilamente num sábado à tarde. Eu era a mais nova da plateia. Maioritariamente casais mais velhos, talvez em busca de algum romance, ou na esperança de resgatar um "Singing in the Rain" ou rever uma beldade como a Julie Andrews a cantar que nem um rouxinol.
 
O filme decorre normalmente como se estivéssemos nos anos 40. Mas estamos tão habituados a efeitos mega especiais, que ver sapateado ou uma pessoa ao piano já não parecem suficientes para o valor do bilhete tão caro por estes dias. Mas é nisso, talvez, que o filme ganhe. Na simplicidade. A simplicidade da história, que retrata uma era antiga com pitadas de contemporaneidade. Para os mais atentos, vão notar que aparece um carro híbrido no meio dos vestidos coloridos e dos sapatos de boneca dos anos 50, uns órgãos modernos, umas tecnologias sonoras bem avançadas no meio dos fatos masculinos  justos tão característicos do tempo. 

As personagens, são simples. Não há vaidade. Um romance normalíssimo, que roça a banalidade. Um romance dos anos 2000, projetado num cenário do século passado.duas pessoas que têm os seus sonhos pessoais, e que, chegam a uma altura em que esses sonhos impedem que eles se mantenham juntos. Quem nunca? Acho que não é preciso ser extremamente vivido para já ter passado por isso um dia. Por isso acho que o filme atinge uma grande maioria. Grande maioria talvez seja demais. O filme atinge a faixa dos brancos, contando apenas com os personagens do Jazz negros. Também não há casais gay. Não há pessoas imperfeitas. Mas talvez isso reflita um pouco o que se queria projetar na década que o filme pretende retratar... Mas, não vou mentir... isso foi um detalhe que chamou a minha atenção.

Uma outra coisa que senti, foi que quando o filme termina acho que as pessoas vão embora a achar que é mais um musical... Acho que a parte melhor vem depois. Quando  a história nos atinge. É uma história que embora pareça perfeita e cheia de cor e música, o romance perfeito!,  é a história que retrata "um amor" pelo qual toda a gente já passou. Um romance em que as duas personagens são aparentemente feitas uma para a outra, mas depois vem a vida e tudo o que lhe é associado, vêm os sonhos as diferenças e as separações de águas inevitáveis. Escolhas. Compatibilidades.

O filme no fim das contas acaba bem... ambos são extremamente bem sucedidos. A paixão pelas artes de cada um é transformada em êxito...

A banda sonora também é excelente. Uma mistura de sons de piano com o Jazz. Hollywood  style. Vale muito ouvir denovo, até porque tem um John Legend para dar uma pitada de conteúdo musical à coisa.

E digo que verei mais vezes com grande certeza se a vida assim permitir. Vale a pena. E também me deixou uma grande vontade de conhecer Los Angels... quiçá...





Até à próxima.