sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Post #70 - a terra do la la (para quem já viu)

Chegou a altura do ano em que se prestam as homenagens aos filmes que por aí andam. As estatuetas de ouro estão em produção. Depois de tanta agitação por solo americano, de um Trump anti-estrelas que brilhem mais do que ele, depois de, no ano passado, haver um monte de protestos por causa do "racismo" das atribuições de prémios, chegou mais um ano para nos surpreendermos com o que passa na grande tela. 

Confesso que nos últimos tempos não tenho acompanhado tanto quanto gostaria o cinema, mas acho que isso deriva do fato de eu ter trabalhado num shopping... contradições à parte, embora eu pisasse o cinema todos os dias, os filmes eram dobrados e infelizmente eu ainda sou uma puritana nesse sentido. Gosto de ouvir o real som da voz. Para ajudar talvez os filmes dos últimos tempos não tenham sido os que eu selecionaria para preferidos, escapando um ou outro que talvez um dia me dê ao trabalho de trinchar. Mas, filmes passados à parte, este ano veio cheio de força para mostrar que ainda há espaço para o romance. E não se fala noutra coisa se não nesse tal de "La la Land". 
Como fui ver já há uns dias, e já tive tempo de digerir tanto o filme quanto as críticas, resolvi deixar aqui registada a minha "pequena" crítica. 

Foi sem muitas expectativas que fui ver o filme. Ainda não estava no pico da badalação quando fui, porque o Trump roubava todas as luzes da ribalta, e por isso fui tranquilamente num sábado à tarde. Eu era a mais nova da plateia. Maioritariamente casais mais velhos, talvez em busca de algum romance, ou na esperança de resgatar um "Singing in the Rain" ou rever uma beldade como a Julie Andrews a cantar que nem um rouxinol.
 
O filme decorre normalmente como se estivéssemos nos anos 40. Mas estamos tão habituados a efeitos mega especiais, que ver sapateado ou uma pessoa ao piano já não parecem suficientes para o valor do bilhete tão caro por estes dias. Mas é nisso, talvez, que o filme ganhe. Na simplicidade. A simplicidade da história, que retrata uma era antiga com pitadas de contemporaneidade. Para os mais atentos, vão notar que aparece um carro híbrido no meio dos vestidos coloridos e dos sapatos de boneca dos anos 50, uns órgãos modernos, umas tecnologias sonoras bem avançadas no meio dos fatos masculinos  justos tão característicos do tempo. 

As personagens, são simples. Não há vaidade. Um romance normalíssimo, que roça a banalidade. Um romance dos anos 2000, projetado num cenário do século passado.duas pessoas que têm os seus sonhos pessoais, e que, chegam a uma altura em que esses sonhos impedem que eles se mantenham juntos. Quem nunca? Acho que não é preciso ser extremamente vivido para já ter passado por isso um dia. Por isso acho que o filme atinge uma grande maioria. Grande maioria talvez seja demais. O filme atinge a faixa dos brancos, contando apenas com os personagens do Jazz negros. Também não há casais gay. Não há pessoas imperfeitas. Mas talvez isso reflita um pouco o que se queria projetar na década que o filme pretende retratar... Mas, não vou mentir... isso foi um detalhe que chamou a minha atenção.

Uma outra coisa que senti, foi que quando o filme termina acho que as pessoas vão embora a achar que é mais um musical... Acho que a parte melhor vem depois. Quando  a história nos atinge. É uma história que embora pareça perfeita e cheia de cor e música, o romance perfeito!,  é a história que retrata "um amor" pelo qual toda a gente já passou. Um romance em que as duas personagens são aparentemente feitas uma para a outra, mas depois vem a vida e tudo o que lhe é associado, vêm os sonhos as diferenças e as separações de águas inevitáveis. Escolhas. Compatibilidades.

O filme no fim das contas acaba bem... ambos são extremamente bem sucedidos. A paixão pelas artes de cada um é transformada em êxito...

A banda sonora também é excelente. Uma mistura de sons de piano com o Jazz. Hollywood  style. Vale muito ouvir denovo, até porque tem um John Legend para dar uma pitada de conteúdo musical à coisa.

E digo que verei mais vezes com grande certeza se a vida assim permitir. Vale a pena. E também me deixou uma grande vontade de conhecer Los Angels... quiçá...





Até à próxima.



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