sábado, 1 de setembro de 2018

Post #81 - Casa é casa

Estes últimos meses têm sido de mudança permanente. Ainda com medo de deixar o conforto de São Paulo acabei por arrastar a minha estadia na Vila Uberabinha (bairro de São Paulo que me acolheu por mais de 5 anos) até ao final de Setembro. É difícil sairmos da zona de conforto, mas trabalhar e crescer é preciso. 

Com tantas idas e vindas para Campinas fui levando todos os "acumulados" que tinha, até que finalmente hoje ficaram só os móveis. Como juntamos tanta tralha em tão pouco tempo é uma pergunta que continuo a fazer a mim mesma vezes sem conta e sem resposta! Aquele bilhetinho que recebemos no aniversário, o talher de plástico que sobrou do voo, a revista que ainda não acabamos de ler toda, as calças que juramos que um dia ainda vão servir, etc. etc.

O certo é que quando mudamos de casa deitamos uma série de coisas fora e prometemos que nunca mais vamos guardar coisas inúteis. É tipo um ritual. Mas no fundo voltamos sempre ao mesmo. Estou convencida que isso de guardarmos mais ou menos coisas é coisa dos nossos genes. Por mais experiência em mudanças que tenhamos a capacidade de juntar lixeira vem connosco. O aprendizado acontece (obviamente), pelas minhas contas já mudei umas dez vezes de casa, por isso não há como não aprender. Mas no fundo é uma capacidade inata que uns têm mais e outros têm menos.

Uma das coisas que ainda não me acostumei por terras brasileiras é que casa é literalmente "casa" e apartamento é literalmente "apartamento". Os brasileiros não dizem "a minha casa" de boca cheia como nós portugueses dizemos, mesmo quando moramos em apartamento. Eles aqui dizem o "meu apartamento". A não ser na expressão "passa em casa" que para eles significa o "passa "lá" em casa". De resto, casa é casa: com portão, garagem, sótão e telhado. Apartamento é sempre andar em cima de andar com acesso vertical.
Acho que existe um certo romantismo português em chamar de "casa", aquele lugar que levamos para a vida como o melhor onde já moramos (normalmente a "casa" dos pais, onde a comida fresquinha, roupa lavada e internet à borla são tão banais).

Por isso no meu caso mudei para o apartamento de Campinas e não para uma nova "casa" em campinas. Ainda estou na fase de me ambientar aos novos ares mais interiores e nada parecidos com São Paulo. Por Campinas a vida é mais pacata, mas o trabalho não é menos intenso. Os quilómetros rodados diariamente no shopping de 1Km de extensão são vários. Mas o shopping é uma micro cidade e traz com ele todas as coisas boas e coisas más de uma "mini civilização". É divertido.

Despeço-me com algumas saudades de "casa".

M


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