domingo, 21 de abril de 2013

Post#27 - 27 anos de vida, 1 ano de Brasil

Mais um ano de vida! Desta vez foram os 27!
A dez dias de completar um ano de Brasil, sinto que foi um ano de muita aprendizagem, alguns obstáculos e bastantes vitórias. Hoje, como tive algum tempo, deu para fazer um pequeno balanço de como correu este ano e resolvi escrever.

Tal como revela o meu post anterior, a vida aqui no Brasil é bem diferente da vida na Europa. Para ser sincera, nunca pensei ter-me adaptado tão bem. Mas, chego também à conclusão que esta adaptação, foi fruto de ter conhecido as pessoas certas nos momentos certos, e, lá está, muita sorte à mistura.

Desde que cá estou senti várias vezes saudades de Portugal. Saudades principalmente da família e dos amigos, da cumplicidade de anos de intimidade. Essencialmente daqueles momentos em que não precisamos de falar, porque as pessoas nos conhecem tão bem que um olhar diz tudo. Também senti falta da comida... pudim da minha avó, e da carne estufada e puré da minha mãe... hummmm até me cresceu água na boca agora :) Uma outra coisa que senti falta foi de vestir um casaco bem quente, pôr umas luvas e um gorro. Por incrível que pareça, e friorenta como sou, é de espantar... mas é verdade. Parece que o corpo se habitua a uma variação de temperatura entre verão e inverno e fica sempre à espera da viragem brusca da estação. Aqui fica frio, mas nunca chega àqueles zero graus que nos fazem bater o dente, nem nunca apanhei um daqueles dias de morrer de calor em que em Amarante nem se consegue sair à rua. Enfim... meteorologicamente mais equilibrado (não contando com as chuvas violentas que impedem a circulação).

Por outro lado, aprendi a gostar de muitas coisas esquisitas ou no mínimo diferentes. Em termos materiais, digamos assim, comecei a fazer várias coisas que não fazia antes... ou a fazê-las de maneira diferente. Por exemplo, aprendi a comer feijão todas as semanas (sagradinho por estas bandas!) e sushi, que não falta por aqui. Farofa também não falta! Comecei a pintar mais as unhas e a comer manga quase diariamente. Até aprendi a escrever conforme o novo acordo ortográfico! Pior são as dúvidas quando tenho que enviar email's... nunca fui tão amiga do google como agora.

Em termos menos materiais, a conquista do ano foi sem dúvida a paciência... Acho que me tornei mais paciente, porque aqui no Brasil algumas coisas andam muito depressa, mas tem outras que andam beeeeem deeevagar. Por isso, há que ter paciência. Até a falar tenho que falar mais devagar... (quando falo ao telefone tem que ser bem devagarinho). Por isso a língua também se pode tornar um problema... quem é que vai saber que poupança é bunda?! (já calhou de me sair um "estou a pensar na sua poupança" energética claro!!!!) E quem sabe que sapatilhas são sabrinas?!!! No início foge sempre a língua quando tenho que dizer ônibus (e digo autocarro), camiseta (e digo camisola - que aqui é lingerie),  baguete (como cacete de pão) nem pensar!, écran (tem que se dizer screen ou monitor), comboio (o famoso trem). Pequenas coisas que podem dificultar e muito a comunicação.

O que realmente tornou rica esta experiência de passar um ano fora de casa, foi a abertura para conhecer pessoas. Foram tantas que me deixaram à vontade desde o primeiro minuto que dificilmente posso ficar anti-social por aqui. Não sei se é devido à vontade de conhecer a cultura e a maneira de viver por cá, mas realmente aqui tenho vontade de falar com as pessoas e tentar entender como pensam. Os brasileiros são hospitaleiros. Já fiz amigos que tenho a leve impressão que não vou perder nunca, nem que regresse a Portugal hoje. Isso é uma sensação bastante agradável. Acho qua a cabeça dos brasileiros pensa de maneira bem diferente da nossa, mesmo sendo descendente ou povo irmão!... Uma vida beeem mais descontraída. O que para um português pode ser um problema grave, para um brasileiro é só uma complicaçãozinha. Isto, claro, traz as suas vantagens e suas desvantagens. A vida é bem mais descontraída, o compromisso por si não é levado tão a sério como por nós europeus em geral. Às vezes é difícil explicar a importância de alguma coisa a um brasileiro. Para eles é difícil compreender porque dizemos "não" de início e porque respondemos sempre “ah, vai-se andando” quando nos perguntam “Como andam as coisas?” Por aqui tudo é animado... nem que a pessoa ganhe um salário que seja uma desgraça e que passe a vida a limpar casas de banho (banheiros por cá, não desprezando a profissão claro), o brasileiro faz isso com o maior dos orgulhos e ainda dança um sambinha durante o trabalho. E quando responde "ah, vai-se andando" é porque morreu gente... da família! Difícil dar razão a alguma das partes. Os brasileiros queixam-se que os portugueses por cá são todos muito rígidos... "travados" em linguagem local. Quem está certo? Vai-se lá saber... Quem passar por cá uns tempos e tem o mínimo espírito de abertura começa a ter algumas dúvidas existenciais. Acho até que estou a virar um pouco brasileira!

Já chega de texto né?
Só uma fotozinha para animar:


 Saudações brasucas,
Mari


1 comentário:

Unknown disse...

Pipiiiii, não sabia da existência deste blog!!! :)
Texto maravilhoso, gostei mto ;) Dá vontade de ir a correr ter ctg e ficar aí tb :)
Gostei de saber que estás bem e que pintas as unhas!!!! PIPI :D
Beijinho enorme***
Ana de Braga (Pipi)