17/4/19 faço a idade de Cristo.
Diz a maioria das pessoas que esta é a flor da idade, mas já ouço isso desde que me lembro de fazer aniversário. Todas as fases são. A adolescência é porque é a fase das descobertas, a maioridade porque (teoricamente) ganhamos juízo... e por aí vai.
Mais ou menos entre os 20 e os 30 vamos tomando com muitas soluções que a vida nos dá e que não contavamos. Não contavamos mesmo! Não sabíamos que eram assim determinadas coisas... não sabíamos como as outras pessoas superavam determinadas coisas e ficavamos indignados com mutas coisas. Mas quando chegamos ao patamar dos cerca de 33 (para muitos certamente será mais cedo e para outros mais tarde), já temos uma certa maturidade. Afinal as pessoas mais velhas já começam a olhar para nós com cara de adulto. Ainda há um ou outro que não nos levam tão a sério e dizem coisas como: "ó... ela ainda é muito nova", ou "ui, ainda vai apanhar muito na vida". Mas depois lá entendem que temos mais de 30 e afinal de contas isso já é uma “idadezinha” razoável. Até nós entendemos que: 1, realmente temos muito a aprender com os mais velhos e 2, já temos algumas coisas a ensinar aos mais novos. Isso é uma epifania ótima. Sentimo-nos realmente valorizados quando as pessoas nos buscam para pedir conselhos ou indicações!
Os 33 parece que são só mais uma destas fases da flor da idade. São um fase de deixar a luta para trás mas ao mesmo tempo continuá-la de uma forma mais inteligente. Uma fase em que já não queremos determinadas coisas mas ao mesmo tempo ainda temos forças para lutar desesperadamente por outras (agora aparentemente mais certas). Ainda temos alguma coisa de revolucionários, mas já não é aquela garra e goela desalmada. Já pensamos estrategicamente no que dizemos sem o dizermos estupidamente da boca para fora. Já conseguimos filtrar algumas coisas e empatizar com muitas situações ou pessoas, porque afinal de contas já estivemos lá... nessa situação difícil. Já temos histórias para contar. Antes (não sei precisar quanto tempo antes) ouvíamos muito mais do que o que contávamos. Agora temos as nossas próprias. Ou porque a família cresceu, ou porque viajamos, alguns de nós até emigraram! Conseguimos até competir com algumas histórias dos mais anciãos. Já tivemos algumas perdas também... antes isso era só para os mais “velhos”. Já conhecemos melhor o nosso corpo e os limites... sabemos com 100% de certeza que o tornozelo vai doer depois daquela aula x do ginásio. Sabemos que a pressão baixa junto com calor e secura corre mal. Sabemos melhor o que queremos comer, o que PODEMOS comer! Sabemos exatamente o ponto da carne que mais gostamos e claro, quando a comida está demasiado salgada o que nos vai obrigar a levantar a meio da noite para beber água. Sabemos que não estamos para ouvir desaforos. Trabalhamos, estudamos e ralamos para estar onde estamos e isso nenhum doutor ou outro cargo mais especial nos tira.
Por outro lado, ainda não sabemos muita coisa. Será que com 33 anos dá para sabermos se estamos onde devíamos estar? Com “teoricamente” uma vida pela frente não há como tirar conclusões precipitadas! Muitos até acham que sabem, mas a vida vai passando algumas rasteiras e vamos nos desviando do que à partida seria o rumo que teríamos. Não que isso seja bom ou mau. Por causa dessas voltas todas que o mundo dá, também não sabemos o quanto tempo as pessoas de quem gostamos ou com quem queremos estar vão estar próximas. Aproveitamos BEM melhor pequenos momentos, inclusive os domingos de preguiça, tão raros nestes dias.
Sabemos, isso sim, dar mais valor a quem lutou por nós e ainda luta, e dar menos valor a por quem a gente lutou e não teve sucesso.
Ora os 33 fazem-me pensar que daqui para a frente só pode ser melhor. Tem que ser melhor pelos relatos. Ainda há tanta coisa para ver, sentir e viver...
E que estes 33 eles cheguem com a mesma vontade que muitos dos anos anteriores chegaram. Que tragam muita sabedoria e que venham mostrar que nos próximos poderei compartilhar que estava errada em muitas coisas e que pude melhorar. Que estava certa em algumas também para não parecer mal e depois virem dizer que não sabia nada da vida com 33!!!
Mari